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domingo, 2 de maio de 2010

Região Central – Verdades ou Mentiras?

Autor: Wagner Pereira

No processo de formação, capacitação e qualificação dos agentes de segurança pública nossos incansáveis “Especialistas” e “Técnicos” são absolutos em afirmar que a sistemática operacional e administrativa deve ser construída em planos e metas, pois nossos clientes esperam resultados, pasmem os ditos clientes não são a população e sim subprefeituras, escolas, hospitais entre outros órgãos.

Intrigante é entender como alguém que nunca teve contato diário com a segurança pública possa determinar que tudo está errado e que é a solução do nosso problema, os erros cometidos não são governamentais e sim dos agentes que executam o trabalho, pois não são preparados e qualificados.

Fórmulas mágicas é o que não falta, é policiamento comunitário, atividade delegada, bases móveis, bases fixas, policiamento estático que são concebidos dentro de um planejamento estratégico recheado de metas.

Os dados apresentados são fantásticos, direcionam para qualquer coisa, desde que agrade o chefe e possa ser usado para promoção política e principalmente pessoal.

Recentemente, surgiu um novo conceito na valorização e capacitação profissional que é aprender, ensinar e demitir, o agente que não traz resultados deve ser descartado, pois só há espaço para os bons.

Os números da violência são demonstrados pelos “Especialistas” e “Técnicos”, que são categóricos em afirmar que estamos no caminho certo, que as ruas estão mais seguras, que a taxa de incidência de todos os crimes tem caído, que as metas foram executadas e o resultado é excelente.

A maior conquista é o estatuto de desarmamento que evitou cerca de 13 mil homicídios, evidente que é um fator de redução da criminalidade, porém há uma distorção e falha conceitual, há uma previsão futura da ação criminosa partindo do cenário de 2001, conforme retratado no texto “apreensão de armas de fogo e a redução da violência”.

A alta na taxa de homicídios no Estado de São Paulo é preocupante, pois nossos “Especialistas” e “Técnicos” atribuem o eventual fracasso ao não cumprimento dos planos e metas, ou pior, afirmam que a meta era outra, que pode ser eventualmente constatado na matéria Homicídios na capital crescem após nove anos, publicada no Jornal Agora SP, na edição de 01/05/2010.

A Região Central da Cidade de São Paulo retrata bem essa realidade, existem bases comunitárias, atividade delegada, bases móveis, policiamento motorizado, cavalaria e todas as formas de policiamento existente, porém os índices de criminalidade têm aumentado.

A Região da Praça da República tem uma taxa de homicídios próxima ao do Jardim Ângela na Zona Sul, e inacreditavelmente o bairro do Brás tem a maior taxa da Cidade, segundo dados apresentados na matéria “Violência no Centro”, publicada no Jornal Agora SP, na edição de 01/05/2010.

As Bases Comunitárias da Polícia Militar somente prestam informação à população, pois há uma necessidade de quantificar quantas informações são prestadas diariamente, devido o poder público ter a necessidade de demonstrar que o policial está trabalhando e cumprindo fielmente o determinado nos planos e metas, sendo que a segurança não é a meta. Na maioria das vezes, este policial possui jornada de 12 horas de trabalho, não possui horário regulamentar para refeição e higiene, devem permanecer no local, independente do que ocorra a sua volta, procedimento conhecido como operação visibilidade, fato retratado na matéria “Bases da PM só dão informação”, publicada no Jornal da Tarde, na edição de 02/05/2010.

Conceituar que o policiamento comunitário deve ocorrer de forma preventiva e não a repressão de crimes é deselegante, despreza a capacidade de entendimento da população, ante o quadro vivido na Praça da República, quando se constata a incidência de crimes contra a vida, justificando que o policial existente no local deve apenas prestar informações, em atendimento ao estabelecido nos planos e metas, porque o “policiamento é baseado no modelo Japonês”, conforme retratado na matéria de mesmo título publicada no Jornal da Tarde, na edição de 02/05/2010.

Difícil compreensão dos dados apresentados, pois a Região da 25 de Março e Brás possuem o maior efetivo policial do país, graças ao convênio celebrado entre Prefeitura do Município de São Paulo e Governo do Estado de São Paulo que permitiu a criação da atividade delegada, fato retratado nos textos Rua 25 de Março – Modelo de Segurança Pública, Brás – O lugar mais seguro do País, Operação: Capitão Gancho, Função Delegada – Guerra dos Clones, Convênio da Prefeitura da Cidade de São Paulo e Polícia Militar, Brasil -um país de todos e Rua 25 de Março- Verdades e Mentiras.

Minha indignação é como o desmonte promovido em algumas ações da Guarda Civil Metropolitana na Região Central, possuíamos policiamento com bicicletas, motos, viaturas e bases comunitárias, mas não estavam no planejamento estratégico, por isso esses equipamentos foram realocados, será que tais medidas contribuiram para a redução da criminalidade e principalmente na promoção da segurança dos frequentadores da região?

Isto muito me preocupa!

7 comentários:

  1. Lamentável a distorção dos números para promoção política, não há comprometimento das autoridades com a população, há o "desmonte" da educação, saúde, habitação, assistência social e segurança.

    Nós?
    Assistimos o Big Brother.

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  2. Grande amigo Pereira,
    Grandes verdades devem ser ditas, a desarticulação da GCM-SP é fruto da falta de capacidade gerencial, inclusive uma falha de postura, pois estamos a deriva, num barco sem rumo e sem destino.
    Aquele que conduz o barco, sem ao menos ter lido o manual de opreção, conduz como lhe convém, mesmo rumando contra a maré, de forma difícil, talvez, sobreviveremos.
    A preocupação não é a qualidade e sim a imposição da vontade, é a guerra de egos, demonstrando, sempre, aquilo que talvez seja o certo.
    Parabenizo meu amigo pela grandiosidade de seu trabalho.
    Grande abraço,
    Gonçalves

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  3. Conduzidos por uma justiça "cega", aferidos em uma balança adulterada e administrados por "adversários", nos resta abrir os olhos e perceber que estamos caminhando no escuro, rumo ao abismo, orientados por "substitutos"...

    Qual será o resultado?

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  4. Meu Caro é fácil constatar que o problema no centro da cidade só tem se agravado basta uma volta pela região da Luz, República, Amaral Gurgel e adjacências. Confesso a vc que não consigo entender a postura das nossas autoridades pois o policiamento é pífio, a sujeira tremenda, o numero de homens de rua é incontável e nada de efetivo é feito pelas autoridades competentes para minorar estes problemas, e olha que estamos em um ano eleitoral. Qual será o futuro de nossa cidade?
    Meu amigo tenha fé e continue na luta. Abraço.
    Vitalino

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  5. Caro amigo, acho que isso tudo não está acontecendo só na segurança pública, educação, saúde estão em situação identica e o funcionalismo público tanto o municipal como o estadual estão sofrendo com o governo DEM/PSDB sem aumento valorização e perpesctiva de melhora. Quanto a GCM só tenho a dizer que todos nos temos culpa da situação a que chegamos, desde o comandante até o 3ª classe mais ``moderno´´, pois só fazem com a gente aquilo que nós permitimos.
    abraço a todos

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  6. Concordo com Nivaldo,

    Os brasileiros aceitam tudo, não demonstram qualquer resitência, criticam muito e pouco apresentam, assistimos passivos a destruição do serviço público.

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  7. PARABÉNS, mais uma vez pela qualidade de seus textos e sua visão arguta sobre este tema tão relevante e sensível. Queira saber que é uma tarefa homérica ousar te acompanhar em quantidade aliada a categoria, lucidez, e conteúdo de seus trabalhos!!!
    Para não ficar só em rasgação de ceda teço alguns comentários acerca do assunto. Falando inicialmente que o momento histórico, e faço referência ao belo texto Redemoinho do autor Vitalino, reporta ao neoliberalismo, posterior ao liberalismo. Em ambos os movimentos econômicos e políticos tivemos como característica o "laisse faire laisse passeaur" a não intervenção do estado, "a mão invisível", a desvalorização, por extensão, do funcionalismo público. Ou seja, de forma deturpada, a falência do estado reservando ao particular a administração da máquina, a gestão ou o emprego de modelos da iniciativa privada no poder público. Considerou-se melhor suas técnicas, seus métodos, e experiências.
    Sabemos que a crise imobiliária e financeira nos EUA teve solução após a intervenção tardia do governo americano. Posteriormente foram feitas exigências e fiscalizou-se o mercado.
    Cabe lembrar que as grandes corporações, tema interessante para discorrer em texto, como a Toyota, modelo de gestão,outrora, foram surpreendidas por que não cumpriram o que seus estatutos prescrevem como a resposta imediata ao problema apresentado pelo cliente. Lembro que nos EUA um motorista enquanto informava, pelo celular, à polícia que seus sistema de freios estava falhando, veio a colidir fatalmente ceifando sua vida e da família. A resposta imediata não houve e indenização tão pouco pela montadora Japonesa. Não seguiram os parâmetros desejados por uma empresa de
    excelência mundial. Houve queda em suas ações na bolsa, refletindo no prestígio da marca perdendo a liderança no mercado.
    Portanto a aludida idolatria pela iniciativa privada deve ser vista com resalvas. Pois em nossa cultura temos o desmonte do funcionalismo público tanto no estado quanto no município, desvalorizando o funcionário
    de carreira com o desvirtuamento dos fins. Terceirizando, delegando em demasia atividades essencias por interesses pessoais e não pelo bem comum do cidadão. Deve-se atentar também a outras causas que estão ainda muito arraigadas como a desigualdade, social, patrimonial, educacional, etç...

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