Autor: Wagner Pereira
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito
No dia 19 de novembro de 1969, o maior atleta da história do Futebol, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, ao celebrar a marca de 1000 gols, em pleno Maracanã , alertou “pensem nas criancinhas”, infelizmente não pensamos.
Nas últimas semanas fomos surpreendidos novamente, como diria o saudoso Mario Jorge Lobo Zagalo, pela nova modalidade de crime de perturba os moradores da Paulicéia, que será o picadeiro da abertura da Copa do Mundo de 2014, com a ação de crianças que aterrorizam bairros nobres como Vila Mariana, Paraíso e no Itaim Bibi, usando uma metodologia do arrastão, criado há muito tempo atrás e que teve notoriedade na Cidade Maravilhosa, que coincidentemente será picadeiro de encerramento da referida Copa.
As cenas veiculadas na mídia alarmaram as principais autoridades públicas e demonstraram aos gestores dos equipamentos assistenciais que não estamos no “país das maravilhas”, pois não há políticas públicas que busquem solucionar a problemática do menor abandonado, a impotência dos policiais sobre os holofotes justificada que a lei não permite uma ação mais enérgica, nos faz refletir que tudo está errado.
Os especialistas e técnicos em assistência ao menor propõem soluções mirabolantes, como o controle de natalidade para a população pobre, revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, redução da idade penal, e o principal deles a culpa é da polícia, sempre dela, por sua omissão ou por agir energicamente em demasia, como apregoam os ilibadas pastorais.
O que falta é exemplo positivo, de que o bem sempre vence, que boas ações trazem boas ações, mas o que temos é exatamente o contrário, “otoridades” propiciam espetáculos vexatórios, basta lembrar dos que foram barrados na Blitz da Lei Seca, que se recusam a realizar o exame do bafômetro, medida que busca salvar vidas, mas aqueles que tem a obrigação de cumprir a lei, preferem burlá-la.
Os exemplos “teen” não existem, pelo contrário tudo pode, como o vexame promovido pelo ator Global Bruno de Luca, que não somente se recusou a realizar o exame do bafômetro como se evadiu do local da blitz, a reprimenda imposta pela Vênus Prateada foi a participação nas chamadas do Programa Criança Esperança, belo exemplo.
Os políticos, sempre eles, defendem a revisão imediata do ECA, pois não se trata de crianças, mas sim de criminosos de alta periculosidade, que aumentam o coro da redução da idade penal, porém, não realizam qualquer estudo sobre seus impactos ou justificam como a lei penal pode resolver um problema social.
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal de 1988 devem ser os mecanismos legais mais modernos, humanitários e belos da história mundial, mas também o mais utópico, pois a cidadania concebida pelos legisladores não se aplica na balburdia da sociedade brasileira, que foi forjada sobre o jeitinho brasileiro em que há conversa para tudo, que na verdade esconde a fórmula da corrupção cultura que nos assola desde o tempo da colonização.
A redução da idade penal pretende estabelecer que aos 16 (dezesseis) anos a pessoa possa ser responsabilizada plenamente pelos dogmas penais do “Estado”, mas não há indicação de quais parâmetros foram utilizados para redução em 2 (dois) anos dos 18 (dezoito) anos atuais, alguns especialistas defendem que é em razão do direito de votar, mas não observam que no caso eleitoral se trata de faculdade e não dever.
Os menores envolvidos nas ações delituosas são passíveis de medidas sócio-educativas, pois em sua maioria são menores de 12 (doze) anos, não cabendo se quer o registro do ato infracional, portando a proposta da redução da idade penal não os alcançaria, demonstrando que a proposta não é bem elaborada, mas paira a dúvida de como resolver problema?
As autoridades tentaram imputar responsabilidade aos pais pelo eventual abandono, não surtiu resultado, pois os estes foram detidos e os menores continuaram nas ruas, ou seja, permaneceu o abandono.
Não podemos esquecer os menores são usuários de drogas, álcool e tabaco, mas o que leva alguém vender esse tipo de produto a uma criança?
Devemos levar a sério a liberação das drogas?
O problema e social ou de polícia?
Por isso, “pensem nas criancinhas”.
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