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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pobre São Paulo, pobre Paulista!

Autor: Wagner Pereira
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito

A cada divulgação das estatísticas das ocorrências policiais divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo - SSP/SP e a abordagem da mídia sobre o tema, tenho a sensação que sou um ser desprovido de inteligência, pois não consigo entender algumas matérias dos principais jornais como a chamada “Número de homicídios é menor em 46 anos, mas latrocínios aumentam”, publicado no Portal Estadão, criando uma sensação de segurança, questiono que nos dois casos vidas foram perdidas, mas um especialista em segurança esclarece que no primeiro caso a pessoa foi morta e na outra morreu, tanto que são tipos penais diferentes em que um é crime contra a vida e outro contra o patrimônio, um requer análise do tribunal do júri.

Os dados divulgados são o anúncio do caos, pois são estarrecedores, ao analisarmos o crime de estupro temos registrados na Capital 1186 casos, que representa uma média de 6,55 casos por dia, na Grande São Paulo 1093 casos, média de 6 casos por dia, porém no Estado foram registrados 5249 casos, que representam o absurdo de 29 casos dia, este tipo de crime foi objeto da matéria “Bairros nobres tem um estupro a cada quatro dias”, publicada no Portal Jornal da Tarde.

Contrariando os conceitos legalistas em que o latrocínio não deve ser confundido com o homicídio, embora seja evidente que são inúmeras as circunstâncias e as motivações para a intenção de matar alguém, diferente da ação do crime de roubo que resulta em morte, no presente caso para majorar os índices de violência, podemos concluir de forma simplória que são pessoas que perderam suas vidas, somados os crimes de homicídio doloso, culposo e latrocínio temos na Capital 598 casos, que representam 3,30 casos por dia, no Estado são 4729 casos, média 26 casos por dia.

Curiosamente, pairam algumas dúvidas, como os casos de resistência seguida de morte envolvendo as instituições policiais e os de encontro de cadáver se estariam enquadrados nesses tipos penais, provavelmente não.

Os índices de roubos, furtos e mortes no trânsito são igualmente alarmantes, porém, o crime se renova a todo tempo, surgindo novas modalidades como gangues da pedra, da bicicleta, do farol e agora a mais recente que é a ação dos mototrombadinhas que atacam pelas ruas da Cidade, fato retratado na matéria “Trombadinhas atacam de moto em Pinheiros”, publicado no Portal Agora SP.

Não bastassem tantos absurdos, temos o alerta da falta de segurança na rede de metrô e trens, que registram 9 furtos ou roubos diários e o absurdo de violência sexual contra as mulheres, fatos amplamente divulgados, conforme publicação das matérias “Universitária denuncia assédio no Metrô”, do Portal do Jornal da Tarde, “Mulher relata ataque sexual dentro do Metrô”, do Portal G1, “Joven de 26 anos estuprada no Metrô”, do Portal Agora SP, “Metrô e CPTM registram 9 furtos por dia”, do Portal do Jornal da Tarde.

O Estado que em várias oportunidades se posta com única autoridade competente para combater a violência, não possui política pública definida para a segurança pública, mas se pronuncia de forma falaciosa de que tem adotados medidas para aumentar a presença da polícia nas ruas através de convênios para implementação da atividade delegada, que na verdade arrebenta de forma oficial a capacidade de trabalho de seus policiais, permitindo que trabalhe até 27 dias por mês, 15 para o estado e 12 para a prefeitura, chegando ao ponto do município pagar mais que o estado por esse tipo de prestação de serviço, conforme brilhante abordagem do Editorial do Jornal Estado de São Paulo, intitulado “O ‘bico’ e os salários dos PMs”, um verdadeiro contraste ante a iniciativa de se pagar aproximadamente 19 mil reais aos Subprefeitos da Capital Paulista, que em sua maioria são Coronéis Policiais Militares da Reserva, abordado na matéria “Subprefeitos vão ganhar até R$ 31 mil”, publicado no Portal do Jornal da Tarde, sendo um disparate ao aumento anunciado pelo Governo do Estado a ser concedido a Polícia Paulista, abordado na matéria “Soldado da PM terá R$ 163 de aumento mensal”, publicado no Portal Agora SP.

Entretanto, quando o caos é generalizado, as Guardas Municipais que são o patinho feio da segurança pública, passa de coadjuvante para ator principal, e não estamos falando da insensatez global, porém somem os bastiões da lei, e a responsabilidade se transfere ao poder público municipal, como no caso do Município de Embu das Artes, que lidera o ranking do índice de homicídios no Estado, a mídia consulta o Senhor Dirceu Alves da Silva, Comandante da Guarda Municipal de Embu das Artes, num reconhecimento a importância dessas Corporações Municipais que atuam arduamente para promover segurança pública ao cidadão, abordado na matéria “27 Cidades de SP tem assassinato como epidemia”, publicado no Portal do Jornal da Tarde, mas não seria o caso de consultar o Comandante Geral da Polícia Militar, Delegado Geral de Polícia, Secretario de Segurança Pública ou até mesmo o Governador do Estado?  

Nos resta apenas continuar cantando “pobre São Paulo, pobre Paulista”, do saudoso grupo Ira!, talvez o pecado capital que nos falta.

Um comentário:

  1. Meu camarada, bom dia! Excelente este artigo, mais uma vez parabéns.
    Mas o tema é polêmico, pois cada um usa de sua forma para mensurar e apresentar dados e não devemos esquecer da situação mostrada no filme Tropa de Elite, onde policiais mascaram dados(levando objetos de crimes para outras áreas) na cara dura. Lógico que é uma "obra de ficção", mas que os dados são mascarados, isto são e, sempre serão.
    A questão social é um calo e os políticos ainda viram a cara para isto e só investem nisto em último caso, pois o que dá voto ainda são obras e ações pirotécnicas com o incentivo da mídia.
    Ou seja, em miúdo, iremos continuar lendo, vendo e ouvindo estas "estatísticas" por longa data ainda.
    Meus parabéns mais uma vez pelo artigo e que o Grande Criador sempre nos proteja.

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