Autor: Wagner Pereira
Ao ler o artigo “Bandido bom é bandido morto” elaborado por Celso Athayde, publicado no Portal Yahoo, permite fazer várias reflexões, a primeira delas é que não existe bandido bom.
A frase infeliz é um resquício de uma propaganda política brasileira para legitimar ações de esquadrões da morte ou distorcer o verdadeiro papel da ROTA na rua, realidade de um passado nem tão distante.
Entretanto, estabelecer que a frase possua conotação racial e econômica é um caminho perigoso, pois massifica o entendimento de que a cor da pele define eventuais enfretamentos fatais envolvendo os agentes de segurança, distorcendo uma realidade cruel em que o crime atinge todas as classes sociais, seja como autor ou como vítima.
Alguns defendem a pena capital para efetivação dessa frase, demonstrando uma hipocrisia tamanha, pois serve apenas como mais uma propaganda política eleitoreira, pois a matéria é controversa e de tamanha delonga jurídica por ferir o direito a vida consagrada como cláusula pétrea na Carta Magna.
A evolução do estado e de suas instituições não comporta mais este tipo ilógico, que deve permanecer no passado e servir apenas de lição que não deva ser repetida.
É, engraçada a ironia no uso daquela frase frase do "bandido bom, bandido morto", pois um dos que a usava foi um ex-deputado que estava sendo investigado por participar de um esquema de corrupção. Fora isso, entendo o posicionamento do autor deste artigo, mas temos que concordar que é comum o que foi citado no texto do Celso Athayde quanto a associar a imagem de bandido que deve ser morto, segundo a frase, com a imagem de uma pessoa de que mora em periferia, pele negra, etc. Infelizmente, o povo brasileiro ainda mostra muitos resquícios de preconceito e conservadorismo. Mesmo a polícia mostra ainda o resultado de um treinamento deste tipo. Em 2010 eu vi uma notícia que falava de um relatório chamado "eles entram atirando" que citava as canções que os soldados do BOPE cantavam durante os trenamento, canções como "Bandido favelado / não varre com vassoura / se varre com granada / com fuzil, metralhadora". Não estou dizendo que isso é uma unanimidade, mas não podemos, de maneira alguma, negligenciar ocorridos como esses. Não podemos nos deixar levar por um pensamento auto-destrutivo, que, como disse o Wagner, faz parte de uma propaganda eleitoreira. Vivemos em uma civilização, e eu acho que a experiência da realidade é mais complexa do que essa retratada na frase.
ResponderExcluir