Maria de Lourdes Moreira
Editora Chefe
O
Bairro de Itaquera em São Paulo, que será mundialmente conhecido daqui alguns
meses, com a abertura da Copa do Mundo de 2014, que ocorrerá em 12 de junho,
foi palco de mais uma das chamadas “manifestações culturais” criadas por este
País.
Em
07 de dezembro de 2013, cerca de 6 (seis) mil jovens, na idade compreendida
entre 14 e 17 anos, marcaram um encontro pela rede social Facebook no
Estacionamento do Shopping Metrô Itaquera, para ouvir o tal do chamado “funk
ostentação”, ritmo que cultua o consumismo a roupas de grife. Os seguranças do restabelecimento
tentaram dispersar os jovens, que por sua vez adentraram ao centro comercial,
causando confusão e tumulto entre os clientes e lojistas que se assustaram.
Depois
desse episódio, a idéia de “Rolezinho” se espalhou por diversos locais, tendo
encontros marcados pelas redes sociais nas cidades de Bauru, Sorocaba, Ribeirão
Preto, Brasília, Rio de Janeiro e João Pessoa, por exemplo. Virou um fenômeno
da mídia, que publicam diariamente os passos do dito “movimento” pelos cantos
do Brasil, o que vem se tornando um verdadeiro circo, com adolescentes virando
celebridades, estampando capas de renomadas revistas inclusive.
Até
a Imprensa Internacional já comenta sobre os “Rolezinhos”, ou “Little Strolls”,
jornais como o El País e o New York Times associam o fato a falta de espaço
público, o funk ostentação e a violência policial, reforçados por entrevistas de
intelectuais brasileiros que ligam o ”Rolezinho” à repressão, as desigualdades
sociais e ao racismo. O New York Times, um dos jornais mais respeitados do
mundo, publicou o artigo “De quem é este Shopping” da escritora Vanessa Bárbara
no qual ela diz em um dos trechos: “tudo isso porque os jovens querem (como
eles escreveram no Facebook): “subir e descer a escada rolante”, “apertar todos
os botões do elevador”, “entrar no cinema pela porta de saída”, “vamos aparecer
no shopping amanhã porque a gente não tem nada pra fazer””...
A
pergunta que faço: isso é movimento cultural? Isso é educação? Somos obrigados
a aturar isso? ... Eis ai o futuro da Nação, e o Brasil por sua vez, sendo
destaque de novo pelas inutilidades que produz.
Os
organizadores e seus participantes, vem constantemente sendo expostos como
ícones ou heróis (como preferirem), pela mídia e seus seguidores sociais. O “Rolezinho”
é mais um fenômeno das mídias sociais que vem a cada dia arrastando milhares de
jovens para a super-exposição, pois, nestas redes sociais quem tem mais
seguidores são considerados celebridades virtuais e se tornam ídolos em seus
bairros, fazem barbaridades para conseguir essa “fama instantânea”. Tive o
desprazer de ver em uma mídia social faz poucos dias, meninas (digo meninas
mesmo, literalmente) se expondo em trajes íntimos para conquistar mais
seguidores, lamentável. Voltando a questão do famoso “Rolezinho”, eles marcam
essas “reuniões” nos Shoppings, pelas redes sociais e confirmam a presença de
um desses “ídolos” (que sabe-se lá o que fizeram para conquistar essa “fama”) e
seus “cultos” seguidores comparecem para ficar mais perto das ditas
“celebridades” !
O
fato é que a guerra se instalou, de um lado os que se dizem intelectuais,
sociólogos, antropólogos, politiqueiros, (já li tanta entrevista que até me
perco nas nomenclaturas) acham o
fenômeno, natural/cultural , querem transformar o “Rolezinho” em fenômeno
ideológico em que existe perseguição contra negros e pobres. Segundo a Ministra
da Igualdade Racial Luíza Bairros, os jovens que participam dos “Rolezinhos” em
Shoppings são vítimas de “discriminação racial explícita”, já o Ministro da
Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho “Os shoppings
estão promovendo discriminação social ao proibir a entrada dos jovens da periferia”.
Por
outro lado estão os donos dos estabelecimentos comerciais que estão protegendo
seu patrimônio (nada mais natural, o que você faria se invadissem sua casa num “rolezinho”??)
e a segurança de seus clientes e funcionários, que também são cidadãos, e tem o
direito de dar seu “rolê” sem essa turba juvenil premeditada. Vários Shoppings
em São Paulo conseguiram liminares impedindo a entrada de jovens com intuito
desse tipo de encontro. Na decisão que favorece os dois Shoppings da região do
Tatuapé em São Paulo, o juiz Luís Fernando Nardelli, da 3 Vara Cível, afirma
que: “é cediço que a liberdade de expressão prevista na Constituição não abarca
a violência, tampouco prejuízo aos usuários e aos outros lojistas. É de rigor
estabelecer o limite e impedir a aglomeração de pessoas cujo objetivo precípuo
é a realização de tumulto e vandalismo”.
Existe
um terceiro “lado” (se é que pode se falar assim), nessa conversa toda, a
Policia. Chega a ser cômico a crítica que se faz quando a batizada “manifestação
cultural” vira baderna/tumulto/arrastão/furto/roubo, e é necessário a
intervenção policial (que por sua função deve manter a ordem) para garantia da
integridade física e do direito de ir e vir dos demais frequentadores, lá está
a mídia ou os doutos que citei acima, criando desculpas, ideologias, modas,
celebridades, e o alvo?, a força policial é claro (existem vários problemas na
segurança pública, não estou esquecendo, mas o assunto aqui é outro), a crítica
nunca é dirigida aos que tumultuam, aos que tentam forçar a entrada em bandos
nos estabelecimentos para assustar os que lá estão (sejam eles brancos, negros,
idosos, crianças, pobres, ricos), a crítica é sempre a reação policial, como
seria se a policia não intervisse na “brincadeira”, e cerca de seis mil “jovenzinhos”
resolvessem invadir um shopping, tumultuando, saqueando, badernando, como será
que reagiriam ? Criticariam a omissão, resposta óbvia !
Em
algumas entrevistas, o público jovem justifica não ter espaço para
manifestações, diversão... será que o espaço cultural que querem é para fazer “pancadão”
e “curtir” aquelas canções suaves que depreciam as mulheres, cheias de letras
com teor sexual apelativo e apologias a drogas e bebidas? Cadê a manifestação
desses jovens por uma educação de qualidade, empregos, isso ninguém quer né?
A
mobilização dos jovens e os transtornos causados nos permite reforçar o debate
sobre a reformulação do Estatuto da Criança e do Adolescente e da redução da
maioridade penal, pois “rolezinho”, não pode ser encarado como brincadeira de
criança.
A
realidade que toda essa história é que antes desses “Rolezinhos” não se ouvia
falar em proibição de entrada de pobres ou negros em qualquer shopping, ou seja,
é mais um fenômeno, este do verão, como os black blocs foram do inverno ... meu
Deus... nem quero pensar na primavera ou no outono. Quem sabe eles marcam um “Rolezinho”
nas dependências do Congresso Nacional em Brasília?
Nenhum comentário:
Postar um comentário