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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Da Redação - Letalidade Policial, Equívocos Midiáticos


Autor: Wagner Pereira
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito pela Universidade São Francisco
Pós-Graduado em Direito Administrativo pela Escola de Contas do TCM-SP






De tempo em tempos somos presenteados com análises de dados sobre a violência policial divulgados na mídia, que insistem em comparar a realidade brasileira com a mundial, em especial com as polícias dos países de primeiro mundo.

O mais intrigante é a propriedade com que algumas matérias retratam esse comparativo, porém ao pesquisar a especialização dos jornalistas, somos surpreendidos, pois não temos acesso ao currículo dos mesmos e ao realizar pesquisa não encontramos qualquer indicativo que tenham qualquer formação no segmento segurança pública, mas publicam suas verdades, que possuem um aspecto nocivo as instituições públicas, abordando apenas um lado da história.


Embora, tenha perdido inúmeros debates, não parece razoável admitir que a medição ou mensuração a partir de 100 mil habitantes seja aplicável universalmente e que retrate qualquer realidade, pois a violência no mundo decorre de vários fatores, que não podem se restringir a relação quantitativa da população.



As matérias “Um PM fora de serviço é morto a cada 9 dias em São Paulo” e “A cada 34h, policiais de folga matam 1 no Estado, total chega à 255 em 2014”, publicadas no Portal Estadão, apresentam dados que conflitam com o Anuário  Brasileiro de Segurança Pública de 2014, só para exemplificar na matéria há indicação de 218 mortes em 2013 e no anuário somente a Polícia Militar registrou 243 mortes, demonstrando que esses dados são frágeis, ainda mais quando a discussão envolve os demais estados da União, pois a maioria deles sobrevivem sem recursos e principalmente sem tecnologia para a gestão e elaboração de estudos que possam contribuir para a diminuição e solução dos crimes.



Comumente nos deparamos com assertivas de que a Polícia Brasileira é a que mais mata, mas esquecem que é a que mais morre, no entanto, tenho dificuldades em entender essa relação na discussão combate a violência e a criminalidade, pois segundo os dados do referido anuário, o Estado de São Paulo registrou 7.132 mortes, sendo 635 atribuídas as forças policiais, ou seja, menos de 10%, deixando claro que o criminosos são infinitamente mais letais, além das 4.195 mortes em decorrência do trânsito.



Na há estudos claros que indicam de que das 635 mortes em 2013, registradas em confronto com a Polícia, quantos eram inocentes, que realmente não estavam envolvidos no cometimento de crimes.

A polícia que mata também é a que mais prende, como noticiado na matéria “Brasil passa a Rússia e tem a terceira população carcerária do mundo”, publicada no Portal da Folha de São Paulo, registrando o número estarrecedor de 715.655 presos, indicando o descaso social com ausência de políticas públicas educacionais, habitacionais, de saúde, emprego, que impedem o trabalhador de promover o mínimo de qualidade de vidas aos seus familiares, sendo seduzido pelas facilidades ilusórias da criminalidade.

Lamentavelmente, não foram consideradas as mortes dos Guardas Municipais, que tem se tornado mais uma vítima do descaso com a segurança pública e sucumbido no cumprimento do dever, tornado ainda mais crítico esse cenário.

Inaceitável, é a condição de medo e abandono da população, que permanece a mercê da própria sorte, sendo realmente a vítima que temos que proteger. 

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