Em 1981 durante o Primeiro encontro Feminista
da América Latina e Caribe realizado na cidade de Bogotá, foi declarado o dia
25 de novembro como o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, homenageando
as irmãs Minerva, Pátria e Maria Tereza a “Las Mariposas” (codinome utilizado
em atividades clandestinas pelas irmãs Mirabal), heroínas da República
Dominicana, brutalmente assassinadas em 25 de novembro de 1960, pois ousaram se
opor à ditadura de Rafael Leônidas Trujillo (uma das mais violentas da América
Latina), sendo que seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício,
estrangulados, com os ossos quebrados. Em 1999, a Organização das Nações Unidas
(ONU) reconhece a data como dia Internacional para eliminação da violência
contra as mulheres.
O Dia Internacional da Não-Violência Contra a
Mulher, nos trazem reflexões sobre a situação de todo o tipo de violência que enfrentam
diversas mulheres em todo o mundo.
No relatório do Instituto de Pesquisa
DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência, em
entrevistas a 1.116 mulheres ocorridas entre 29 de março e 11 de abril de 2017,
constatou-se o aumento do número de mulheres que declararam ter sofrido algum
tipo de violência provocada por homem, esse percentual passou de 18% em 2015
para 29% em 2017.
Quanto ao tipo de violência sofrida, a física
foi a mais mencionada com 67% das entrevistadas afirmando que já sofreram esse
tipo de agressão, a violência psicológica veio logo em seguida com 47% das
menções, a violência moral e sexual tiveram 36% e 15% respectivamente, cumpre ressaltar
que constatou-se na pesquisa, aumento
significativo do percentual de mulheres que declarou ter sofrido violência
sexual, que passou de 5% em 2011 para 15% em 2017.
No mundo, ainda enfrentamos a inaceitável
pratica de mutilação genital feminina, intervenção violenta sobre o corpo da
mulher que ainda acontece em 30 países e estimativas das Nações Unidas indicam
que 200 milhões de meninas e mulheres já foram vítimas dessa violação dos
direitos humanos, além de outras violações como o casamento infantil, como o constatado
na Zâmbia, quando uma menina de 14 anos, foi obrigada a se casar com um homem
de 78 anos. “Imediatamente depois que ele
pagou o dote aos meus responsáveis, me levou para sua casa, me despiu e me
forçou a dormir com ele”, declarou.
Nesta data, 25 de novembro, começa em todo o
mundo a campanha anual de 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Baseada em
Gênero. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) reuniu relatos de
mulheres de diferentes lugares do mundo sobre o tema, que podem ser conferidos
através do link: http://www.unfpa.org.br/novo/index.php/noticias/ultimas/1736-uma-historia-de-violencia-16-objetos-mostram-a-realidade-da-violencia-baseada-em-genero-ao-redor-do-mundo
Este texto é apenas uma síntese da
grandiosidade e atenção pela e urgência
que a causa “combate a todo o tipo de violência contra a mulher” requer,
necessitamos de engajamento e coragem da sociedade em enfrentar culturas e
tabus. Outro dia me deparei com a seguinte frase de autor desconhecido: “destrua a ideia de que os homens devem
respeitar as mulheres porque elas podem ser suas mães, filhas ou irmãs. Reforce
a ideia de que os homens devem respeitar as mulheres porque elas são pessoas”,
acredito esse ser o caminho.
Autora: Maria de Lourdes Moreira
Classe Especial da Guarda
Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito
Pós Graduada em
Direito e Processo Penal pela Universidade 9 de Julho