Autor: Maurício Sosthenes Gomes
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
“Será verdade que, como dizem, se colocarmos um
sapo numa panela e subirmos lentamente a temperatura da água, ele fica ali até
morrer, sem sentir a mudança gradual da temperatura? Ele obviamente daria um
jeito de escapar se o jogássemos na água fervendo. Alguém já fez essa
experiência? Duvido... Duvido que um sapo tenha tanta paciência.” (Humberto
Guessinger).
A citação do sapo acima foi extraída do livro
“Nas entrelinhas do Horizonte”
E nós? Quanta paciência temos? (teremos?), somos
ou parecemos sapos? Sabemos ler nas entrelinhas?
Na nossa longa jornada na GCM-SP (a minha já com
22 anos), esperamos a cada tempo passado uma nova valorização, uma nova
motivação, um novo......qualquer coisa! Nestas esperas pelo que virá, observamos
com certa inveja a “Operação Delegada”, onde nossos colegas Policiais Militares
recebiam dos cofres da nossa prefeitura um incentivo financeiro para se
manterem fardados nos dias de folga para efetuarem.......algo!
Invejamos sim, porque almejamos uma valorização
que a nossa casa alegava (alega) não possuir condições de oferecer, invejamos não
porque queríamos trabalhar mais...
Já trabalhamos o suficiente (cada um de nós!)
Isto posto, me levo, mais uma vez, a deixar de
ser criança, como quem descobre ainda na infância que Papai Noel é na verdade
Loja de Departamentos. Perdemos a pureza!
Ora leitores, não nos incluíram no último
reajuste salarial com a promessa de um plano de carreira rápido e corretivo?
(não culpo aqui o sindicato, sou associado e jamais fui a uma assembléia, tenho
também a minha parcela de culpa).
Nesta mesma linha colegas: Não temos que ir
“descansados” ao exame psicológico, requisito para portar arma de fogo? Por
acaso isto não implica em concluir que a responsabilidade da nossa atividade
requer um profissional descansado no início de suas atividades?
É justo que Policiais Militares, Guardas Civis,
Médicos, Enfermeiros, Frentistas tenha que chegar ao seu ponto se fadiga para
receber o que lhe é justo?
Há lado positivo? Sim há. Mas quão positivo é...?
Poder largar aquele “bico” na porta do açougue,
sem apoio, por uma atividade “regulamentada” e talvez, melhor paga?
Estamos em uma organização envelhecida, que não
se renova na mesma proporção que os seus integrantes pedem exoneração ou se
aposentam...
Aposentar-se??!! Ah nem vou tocar nesta
questão...(ou está sendo fácil para alguém?)
Acredito que vários colegas se submeterão a isto,
e não estou aqui para criticá-los, é nobre o esforço honesto de sustentar-se a
si e a sua família, jamais poderia atirar pedras nestes telhados de vidro. Por
um longo tempo o meu telhado também foi de vidro, e pode voltar a ser, ninguém
está livre disso.
Então porque escrevi tudo isto? Se não é uma crítica
aos colegas e/ou a administração, então o que é...?...
Digo-vos o que é: Desabafo!
Não sou (não somos) sapos, eu percebo (nós
percebemos) quando a água da panela começa a esquentar.